26/02/2012

De Repente, Califórnia e o ir além do "final feliz"




As histórias de amor homossexuais, se antes eram uma raridade, tem povoado cada vez mais o cinema – vide O Segredo de Brokeback Mountain, Meninos não Choram, Amigas de Colégio e tantos outros. De coadjuvantes simpáticos, eles estão passando a protagonistas, gerando um gênero e fórmula próprios, assim como as comédias românticas: garot@ conhece garot@ e se aproximam, um(a) está atraído(a) e o (a) experimenta um beijo ou uma noite de sexo. Depois, este(a) se arrepende e dizem que a experiência não pode se repetir, mas o amador não resiste e, depois de muito tentar, termina voltando e assumindo a relação.

Em De Repente, Califórnia (Shelter, 2009, Jonah Markowitz), estamos em San Pedro, bairro mais pobre e feio que a glamourosa Los Angeles, em que Zach divide o apartamento com sua irmã, Jeannie, Cody, filho dela, e seu pai e precisa lidar diariamente com a frustração de não ter ido para a escola de artes que fica na cidade grande com os problemas no relacionamento com Tori. Com a chegada de Shaun, irmão de seu melhor amigo, Gabe, para passar umas semanas surfando e se recompondo de um relacionamento frustrado na cidade, Zach conhece um amor até então desconhecido para ele: Shaun parece ser a única pessoa que acredita no potencial que ele tem como artista.

Ao assistir ao filme, tenho me dado conta do quanto o cinema independente norte-americano está anos-luz adiante na representação do homossexual, quando vemos dois rapazes surfistas sem quaisquer trejeitos efeminados compondo um casal cativante. O casal cativa o espectador, com o discurso de que maior dificuldade para o casal homossexual reside em assumir a relação. Entretanto, o      que falta a esse longa é um pouco menos “conto de fadas”: as relações homossexuais passam pelos mesmos problemas de qualquer outra e ainda faltam filmes além do felizes para sempre.

Alguns exemplares além do “final feliz” têm aparecido, como Minhas Mães e Meu Pai e Como Esquecer, já que nossa tendência é ficar cada vez mais maduros e enxergar o mundo de maneira menos Disney possível. Não que a sessão de Shelter tenha sido ruim, mas, com certeza, por mais que precisemos dessa ingenuidade para sonhar com um belo dia na praia onde se possa andar de mãos dadas com o ser amado, ainda necessitamos de um pouco mais para sobreviver nesse mundo.

Um comentário:

  1. Boa!
    Realmente tá faltando alguns filmes com um além do “final feliz”. Adorei "Como Esquecer", deveriam fazer mais filmes assim.

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