As histórias de amor homossexuais, se
antes eram uma raridade, tem povoado cada vez mais o cinema – vide O Segredo de Brokeback Mountain, Meninos não Choram, Amigas de Colégio e tantos outros. De coadjuvantes simpáticos, eles
estão passando a protagonistas, gerando um gênero e fórmula próprios, assim
como as comédias românticas: garot@ conhece garot@ e se aproximam, um(a) está
atraído(a) e o (a) experimenta um beijo ou uma noite de sexo. Depois, este(a)
se arrepende e dizem que a experiência não pode se repetir, mas o amador não
resiste e, depois de muito tentar, termina voltando e assumindo a relação.
Em De Repente, Califórnia (Shelter, 2009,
Jonah Markowitz), estamos em San Pedro, bairro mais pobre e feio que a
glamourosa Los Angeles, em que Zach divide o apartamento com sua irmã, Jeannie,
Cody, filho dela, e seu pai e precisa lidar diariamente com a frustração de não
ter ido para a escola de artes que fica na cidade grande com os problemas no
relacionamento com Tori. Com a chegada de Shaun, irmão de seu melhor amigo,
Gabe, para passar umas semanas surfando e se recompondo de um relacionamento
frustrado na cidade, Zach conhece um amor até então desconhecido para ele:
Shaun parece ser a única pessoa que acredita no potencial que ele tem como
artista.
Ao assistir ao filme, tenho me dado
conta do quanto o cinema independente norte-americano está anos-luz adiante na
representação do homossexual, quando vemos dois rapazes surfistas sem quaisquer
trejeitos efeminados compondo um casal cativante. O casal cativa o espectador,
com o discurso de que maior dificuldade para o casal homossexual reside em assumir
a relação. Entretanto, o que falta a
esse longa é um pouco menos “conto de fadas”: as relações homossexuais passam
pelos mesmos problemas de qualquer outra e ainda faltam filmes além do felizes
para sempre.
Alguns exemplares além do “final feliz” têm
aparecido, como Minhas Mães e Meu Pai e
Como Esquecer, já que nossa tendência
é ficar cada vez mais maduros e enxergar o mundo de maneira menos Disney possível.
Não que a sessão de Shelter tenha
sido ruim, mas, com certeza, por mais que precisemos dessa ingenuidade para
sonhar com um belo dia na praia onde se possa andar de mãos dadas com o ser
amado, ainda necessitamos de um pouco mais para sobreviver nesse mundo.
Boa!
ResponderExcluirRealmente tá faltando alguns filmes com um além do “final feliz”. Adorei "Como Esquecer", deveriam fazer mais filmes assim.