26/02/2012

Os traumas coletivos em Tão Forte e Tão Perto


Traumas coletivos sempre conduzem a uma repetição sem fim de histórias. Basta perguntar quantos filmes temos sobre o Holocausto, a Primeira Guerra Mundial ou sobre a ditadura militar no Brasil. Sempre aparece um novo ponto de vista sobre uma história antiga, o que às vezes cansa o espectador: “Por favor, criem uma Terceira Guerra para que parem de fazer filmes sobre a Segunda!”. Uma onda que começou no cinema independente – sempre ele – e que, aos poucos, está passando para o mainstream são os filmes sobre o 11 de setembro. Tivemos Vôo United 93, Torres Gêmeas de maneira mais direta e outros que trataram do tema de maneira mais subliminar.

Tão Forte e Tão Perto (Extremely Loud and Incredibly Close, 2012, Stephen Daldry) aproveita-se do sucesso que o livro vem fazendo para trazer às telas a história de Oskar, um menino que perdeu seu pai na tragédia e embarca em uma aventura pelos bairros da cidade por causa de uma chave que ele encontrou no armário. Afeito às investigações, Oskar começa a conhecer histórias das pessoas que encontra em sua empreitada, mas, ao mesmo tempo, afasta-se emocionalmente de sua mãe, sempre meio ausente quando observamos as lembranças que vemos que o menino tem do pai.

Equilibrando passado e presente, assim como as diversas histórias com que o rapaz entra em contato ao longo da narrativa, Daldry torna enredo e direção dinâmicos, assim como conduz sabiamente seu elenco, com especial atenção de Max Von Sydow e Viola Davis – esta que, a cada filme, firma-se mais como uma das melhores atrizes da atualidade. Sua única falha creio eu seria escalar Sandra Bullock como a mãe do menino, já que, quando a vemos na tela ausente em boa parte da narrativa, perde-se um pouco da surpresa, pois o espectador já prevê que ela terá um papel fundamental em algum momento. O filmes não excessivamente clichê e consegue capturar bem o espírito metódico e agitado do menino, às vezes, colocando o espectador dentro da mente do menino. É um filme que fica num meio termo entre filme infantil e adulto, mas que jamais causa incômodo por isso, pelo contrário, emociona e surpreende. Talvez um filme feito para crianças como Oskar, cansadas de histórias de sonhos e mais calcadas na realidade, mesmo que seja um filme menor de Daldry.

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