Traumas coletivos sempre conduzem a uma
repetição sem fim de histórias. Basta perguntar quantos filmes temos sobre o
Holocausto, a Primeira Guerra Mundial ou sobre a ditadura militar no Brasil.
Sempre aparece um novo ponto de vista sobre uma história antiga, o que às vezes
cansa o espectador: “Por favor, criem uma Terceira Guerra para que parem de
fazer filmes sobre a Segunda!”. Uma onda que começou no cinema independente –
sempre ele – e que, aos poucos, está passando para o mainstream são os filmes
sobre o 11 de setembro. Tivemos Vôo
United 93, Torres Gêmeas de
maneira mais direta e outros que trataram do tema de maneira mais subliminar.
Tão
Forte e Tão Perto (Extremely Loud and Incredibly Close,
2012, Stephen Daldry) aproveita-se do sucesso que o livro vem fazendo para trazer
às telas a história de Oskar, um menino que perdeu seu pai na tragédia e
embarca em uma aventura pelos bairros da cidade por causa de uma chave que ele
encontrou no armário. Afeito às investigações, Oskar começa a conhecer
histórias das pessoas que encontra em sua empreitada, mas, ao mesmo tempo,
afasta-se emocionalmente de sua mãe, sempre meio ausente quando observamos as
lembranças que vemos que o menino tem do pai.
Equilibrando passado e presente, assim
como as diversas histórias com que o rapaz entra em contato ao longo da
narrativa, Daldry torna enredo e direção dinâmicos, assim como conduz
sabiamente seu elenco, com especial atenção de Max Von Sydow e Viola Davis –
esta que, a cada filme, firma-se mais como uma das melhores atrizes da
atualidade. Sua única falha creio eu seria escalar Sandra Bullock como a mãe do
menino, já que, quando a vemos na tela ausente em boa parte da narrativa, perde-se
um pouco da surpresa, pois o espectador já prevê que ela terá um papel fundamental
em algum momento. O filmes não excessivamente clichê e consegue capturar bem o
espírito metódico e agitado do menino, às vezes, colocando o espectador dentro
da mente do menino. É um filme que fica num meio termo entre filme infantil e
adulto, mas que jamais causa incômodo por isso, pelo contrário, emociona e
surpreende. Talvez um filme feito para crianças como Oskar, cansadas de
histórias de sonhos e mais calcadas na realidade, mesmo que seja um filme menor
de Daldry.
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