12/11/2010

Janela Crítica - 12.11 - Abertura


Uma noite de celebração ao cinema, à arte, à humanidade. Assim se pode sintetizar a abertura da III Janela Internacional de Cinema, que nos trouxe curtas-metragens e um longa que fazem o espectador repensar-se como artista... de uma câmera na mão.

O primeiro curta-metragem – Avós (Michael Wahrmann, 2009) – trata-se de um olhar carinhoso e nostálgico tanto sobre uma época, um cotidiano que não se vive mais como sobre o próprio cinema e sua capacidade de nos permitir olhar para nós mesmos e nos preservar, oferecer a possibilidade de ser um pouco eterno. O segundo curta – Big Bang Big Boom (Blu, 2010) – propõe uma reflexão dos fatos e conseqüências que cercam a evolução. Utilizando diversos objetos cotidianos e mesclando técnicas diferentes de animação – desenho 2D, stop motion –, o diretor nos oferece uma visão ampla do que pode-se chamar desenvolvimento: um progresso não somente da humanidade, mas também da própria arte. Se, de início, o espectador pode se maravilhar com as infinitas possibilidades de expressão que a animação/tecnologia proporciona, ao final do curta, permanece um questionamento: “A que preço temos evoluído?”.

No longa-metragem da noite – Além da Estrada (Charly Braun, 2010) -, descobre-se um contador de histórias apaixonado por suas personagens, que almeja vasculhar cada movimento seu, a fim capturar seus instantes mais verdadeiros. Seguindo seus protagonistas, Santiago e Juliette, ao longo da estrada e do romance que se inicia entre eles, Braun propõe uma experiência cinematográfica que conhece seu ponto de partida, mas caminha rumo ao desconhecido, ao inesperado do mundo real. Se o público reconhece o enredo das comédias românticas hollywoodianas desde o princípio, é porque é desse elemento humano que elas se valem para construir tramas que ressoam clichês e situações que não estão vivas dentro de nós. No entanto, Braun propõe ao espectador um painel sincero e singelo de personagens que redescobrem sua humanidade ao decidir escolher um caminho espontâneo e imprevisível para suas vidas. O canto do coração, como atesta uma das personagens. A estrada do próprio coração.

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