01/02/2009

A Vida de David Gale e a manipulação do discurso



Vi recentemente o filme A Vida de David Gale, que reflete sobre a pena de morte e conta a história de um professor universitário acusado do estupro e morte de uma colega de trabalho. Condenado ao corredor da morte, Gale convoca uma jornalista para ouvir a sua história e desenterrar momentos tristes da vida deste homem.

O filme de Alan Parker representa um tipo de cinema idealista, adepto da manipulação das imagens e idéias na tentativa de direcionar o discurso da pena de morte como algo que precisa ser excluído da face da Terra. Apesar de concordar totalmente com Parker, seu filme termina se tornando um grande panfleto de ideais, com diálogos, cortes e planos que evidenciam o caráter heróico de seu protagonista, quando o colocam como mártir pela causa que defende.

Mas esse cinema engajado não é privilégio de Parker: Serguei Eisenstein - o famigerado diretor de A Greve e O Encouraçado Potemkin -, que na tentativa de causar no espectador uma reação, um choque, editava seus filmes com base no confronto entre duas imagens. Outros passaram a aderir a esse cinema de propaganda, de idéias: Leni Riefensthal, Dziga Vertov...

Mas esse tem sido um cinema mais raro hoje em dia, quando estamos enfrentando um apogeu do cinema que fale à intimidade do espectador, mas do que ao seu intelecto. Apesar de Parker se render a alguns clichês do suspense, seu final faz pensar sobre até que ponto seguimos firmes com nossos princípios, tornando-nos mártires de nossas próprias causas.

C'est fini.

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