12/02/2009
Feliz Natal por um cinema verité anti-social
Por
Márcio M Andrade
Feliz Natal, primeiro longa dirigido pelo ator mineiro Selton Mello, traz um novo sopro na safra de filmes das terras brazucas, referenciando a estéticas do cinema verité - sem temática social, vale a pena ressaltar - e aproveitando o improviso de grandes atores como Leonardo Medeiros, Graziella Moretto e Darlene Glória.
Caio, dono de um ferro velho no interior do estado, decide retornar à casa de seus pais durante as festividades natalidades, a fim reencontrar e sarar feridas há muito enterradas. A vida de irresponsabilidade divertida compartilhada antes com seus amigos não mais existe, dando lugar ao ódio perpetrado por sua família ao sujeito que manchou a reputação de todos. Caio passou a ser persona non grata na sua própria casa, renegado pelo próprio pai (Lúcio Mauro) e desconhecido pelo sobrinho Bruno (Fabrício Reis), precisa enfrentar a obsessão e o alcoolismo da mãe Mércia (Darlene Glória) e a apatia do irmão (Paulo Guanieri) na tentativa de salvar a si mesmo de seu passado.
Durante os 140 minutos do longa, Mello constrói personagens cativantes, que enfrentam altos e baixos de maneira contundente e delicada ao mesmo tempo, embarcando numa jornada que leva o espectador a uma subliminar morte de si mesmo. Sofrer é morrer aos poucos, mas qual a resposta que encontramos quando nos perguntamos: "por que eu?".
Como atesta o final do longa, viver é sofrer. Aquele que não sofre mais é por que já não está mais aqui. Bruno não vai embora, mas faz uma viagem por aquela janela para uma inexistência que leva à liberdade que a infância oferece. Ao contrário de Caio, que permanecerá sempre preso aos fatos que levaram à sua infelicidade.
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Gosto da relação de vida e morte que você faz através da existência dos personagens Bruno e Caio. Ao contrário do adulto, que prefere permanecer no sofrimento, a criança não raliza o sofrer da vida, interrompe sua jornada antes mesmo de começar a entendê-la. Para muitos, isso nada tem a ver com o "espírito natalino" que parece invadir o mundo quando chega dezembro, mas penso que essas questões permeiam não só dezembro, mas todos os momentos que nos habitam.
ResponderExcluirComentário excelente, Kyara. completa muito dos meus sentimentos ao ver o filme... Vlw!
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