16/02/2009
Vida X Morte em Benjamin Button
Por
Márcio M Andrade
Por que desperdiçar a juventude sendo jovem e, por consequência, imaturo? Por que não ter nosso vigor juvenil agregado a uma mente sábia que só aparece com a experiência da velhice?
Benjamin Button nasceu com todas as crises corporais do corpo de um ancião, mas com o espírito sempre aprendiz de um recém-nascido. Abandonado pelo pai quando era criança, foi criado num asilo de idosos, tendo um contato direto com a finitude da vida e com as intempéries que ela traz, seja no corpo ou na consiência. A partir desse ponto de vista, Button foi criando - talvez inconscientemente - essa aura madura, esse serenidade para encarar as frustrações alheias, os objetivos mal escolhidos, as desesperanças...
Assim como todos nós, Benjamin nasceu com o relógio em contagem regressiva, a diferença é que ele se dá conta disso. Sua condição extraordinária o permitiu enxergar a beleza da juventude e do estar vivo, de poder aproveitar todos os momentos como se fossem únicos. A vontade de ir e vir, de explorar o desconhecido, de conhecer o outro de maneira única.
Todos nascemos com essa sentença decretada, mas nos achamos eternos e, às vezes, desperdiçamos os segundos, as horas, as semanas com tantos sentimentos e sensações que nos levam a lugar nenhum ou, se preferir, ao arrependimento. Mas Benjamin nos traz a esperança de que. um dia, possamos compreender nosso papel no mundo e fazer valer a pena os dias que nos restam.
Apesar de algumas falhas, o roteiro de Eric Roth - bebendo da fonte de seu sucesso Forrest Gump - permite a imersão nesse universo simples e belo em que vive Benjamin, além da trilha sonora e da fotografia inspirada, sem falar na edição primorosa, que não faz com que as quase três horas do longa sejam sentidas tão fortemente.
Cuidadosamente construído por David Fincher, O Curioso Caso de Benjamin Button toca o espectador com sua consistência e fluidez narrativa, além de idéias que falam ao coração de todo ser humano.
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