16/02/2009

Coraline e os universos paralelos de que tanto gostamos


Quantas vezes nos sentimos deslocados do mundo em que vivemos e sonhamos com uma existência paralela, onde todos cumpram nossos desejos num estalar de dedos? Quantas vezes nosso id sofreu essas retaliações e procurou esconder-se dentro de si mesmo, o único lugar seguro para habitar?

Coraline, novo longa de Henry Selick - genitor de O Estranho Mundo de Jack -, trata desse sentimento que, além de perpassar a infância, também nos persegue por toda a vida. Nessa idéia se encontra a universalidade da história dessa garota que, não recebendo a devida atenção dos pais, termina encontrando na porta de seu quarto um universo paralelo, onde sua mãe cozinha e conversa com ela e seu pai não trabalha insistentemente num catálogo de jardinagem, mas se revela um exímio pianista e jardineiro.

Baseado numa história de Neil Gaiman - famigerado criador de Sandman -, o longa, utilizando o mesmo estilo gótico que fez a fama de Selick e seu Estranho Mundo, apresenta ao espectador o universo agradável da Outra Mãe como algo utópico e negativo, já que a convivência de Corlaine nesse mundo fantástico termina por lhe trazer consequências dolorosas e ela precisará amadurecer para perceber a tragédia de se perder aquilo que se tem.

Por mais que essa mensagem pareça banal e infantil, quantos de nós já nos encontramos nessa situação, quando desejamos que nossos amigos de trabalho, nossos cônjuges e nossos chefes fossem diferentes daquilo que nos demonstram ser?

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