23/07/2010

Shrek Para Sempre e o Desgaste da Paródia


O primeiro longa de animação a ganhar o Oscar na categoria – o Shrek original – era um conto de fadas às avessas, que, contava uma história a la Bela e a Fera, mas permeado de esquetes cômicas que compunham um cenário satírico ao universo das histórias da carochinha que divertia e envolvia o espectador de qualquer idade.

Contudo, ao longo do tempo, foram criadas as sequências ao original e o tom de paródia, mesmo que permaneça, parece enfraquecido pela tentativa de criar um arco dramático mais emocionante – mesmo que sem sucesso, por se apoiar em clichês do gênero - e estabelecer piadas prontas e datadas – através de referências pop esvaziadas de significado que nada acrescentam ao enredo. O que nos leva ao enredo de Shrek Para Sempre: depois de várias aventuras, Shrek virou um homem de família, pois, ao invés de ficar assustando os moradores locais, o ogro verde vive dando autógrafos. Pensando no passado, quando realmente se sentia como um ogro, Shrek assina um contrato com Rumplestiltskin e sua vida muda completamente: ele passa a viver em mundo que é o oposto do Reino Tão Tão Distante, em que os ogros são caçados, nem o Burro e o Gato de Botas são seus amigos e Fiona nem o conhece.

Mesmo apresentando qualidade em algumas piadas, o longa como um todo não se sustenta com um enredo típico de A Felicidade Não Se Compra (Frank Capra, 1946), referenciando a sua estrutura e desenvolvimento sem oferecer qualquer novidade – como ocorria no longa original, onde, ao Fiona se transformar em ogro depois do beijo de Shrek, subvertia o desfecho de A Bela e a Fera, propondo um final mais lógico com a proposta de ir de encontro à ditadura da beleza.

Esta terceira sequência prefere ser entretenimento esquecível a participar de uma revolução na maneira de contar histórias, como foi seu antecessor.

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