Durante
nossa infância, procuramos modelos em que nos espelhar a fim de sermos adultos
saudáveis e exemplares uns para os outros. Se, durante muito tempo, nossa
sociedade relegou à religião a concepção de mitos que funcionariam como
exemplos de dedicação, subserviência e amabilidade, como Jesus Cristo, Buda ou
Maomé, a contemporaneidade transfere esse status
de ‘ícones’ para pessoas ditas ‘públicas’: artistas, políticos e, em menor
escala, os educadores – se considerarmos a conservadora sociedade
norte-americana -, o que nos conduz ao longa a ser analisado.
Professora Sem Classe (Bad Teacher, 2011, Jake Kasdan) versa sobre Elizabeth Halsey, uma
professora de ensino fundamental que, numa das primeiras cenas do longa, pede
demissão para ser sustentada pelo namorado rico, com quem está prestes a se
casar. Mas, tempos depois, uma travessura do destino tira-lhe a oportunidade de
tomar proveito das riquezas de seu fiancée.
Ela termina, então, precisando voltar a lecionar para conseguir o dinheiro
necessário para fazer o implante de silicone que lhe proporcionará seu próximo
marido rico. Durante sue empreitada, passa os dias embriagada, fazendo seus
alunos assistirem a filmes ao invés de dar aula, dá em cima de Scott, o bondoso
professor de família rica, e infernizando a vida de sua serelepe rival Amy.
Trabalhando
com um amor menos inocente do que se esperaria de um filme estrelado Cameron
Diaz, Kasdan coloca a sala de aula em segundo plano para desenvolver a
personalidade de sua protagonista independente do espaço onde esteja. Dessa
forma, torna-a mais viva para o espectador, ainda que sua previsível redenção surja
de maneira óbvia e apressada, mas nunca melodramática. Investindo num elenco
descolado, Diaz se diverte com os palavrões e o cinismo de sua Elizabeth,
enquanto que Jason Segel compõe o professor que se engraça por ela, mas que não
a endeusa e Justin Timberlake desaparece um
pouco com sua embalagem de cantor pop para tentar compor a timidez e a
excentricidade de seu Scott. Com um discurso semelhante ao imensamente superior
Papai Noel às Avessas, este longa não
passa de um passatempo mais sacana do que as comédias açucaradas convencionais,
servindo talvez como uma resposta às comédias ‘masculinas’- vide Se Beber, Não Case - que tem surgido nos
últimos anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário