10/09/2011

Professora Sem Classe e o Ser/Estar Incorreto



Durante nossa infância, procuramos modelos em que nos espelhar a fim de sermos adultos saudáveis e exemplares uns para os outros. Se, durante muito tempo, nossa sociedade relegou à religião a concepção de mitos que funcionariam como exemplos de dedicação, subserviência e amabilidade, como Jesus Cristo, Buda ou Maomé, a contemporaneidade transfere esse status de ‘ícones’ para pessoas ditas ‘públicas’: artistas, políticos e, em menor escala, os educadores – se considerarmos a conservadora sociedade norte-americana -, o que nos conduz ao longa a ser analisado.

Professora Sem Classe (Bad Teacher, 2011, Jake Kasdan) versa sobre Elizabeth Halsey, uma professora de ensino fundamental que, numa das primeiras cenas do longa, pede demissão para ser sustentada pelo namorado rico, com quem está prestes a se casar. Mas, tempos depois, uma travessura do destino tira-lhe a oportunidade de tomar proveito das riquezas de seu fiancée. Ela termina, então, precisando voltar a lecionar para conseguir o dinheiro necessário para fazer o implante de silicone que lhe proporcionará seu próximo marido rico. Durante sue empreitada, passa os dias embriagada, fazendo seus alunos assistirem a filmes ao invés de dar aula, dá em cima de Scott, o bondoso professor de família rica, e infernizando a vida de sua serelepe rival Amy.

Trabalhando com um amor menos inocente do que se esperaria de um filme estrelado Cameron Diaz, Kasdan coloca a sala de aula em segundo plano para desenvolver a personalidade de sua protagonista independente do espaço onde esteja. Dessa forma, torna-a mais viva para o espectador, ainda que sua previsível redenção surja de maneira óbvia e apressada, mas nunca melodramática. Investindo num elenco descolado, Diaz se diverte com os palavrões e o cinismo de sua Elizabeth, enquanto que Jason Segel compõe o professor que se engraça por ela, mas que não a endeusa e Justin Timberlake desaparece um pouco com sua embalagem de cantor pop para tentar compor a timidez e a excentricidade de seu Scott. Com um discurso semelhante ao imensamente superior Papai Noel às Avessas, este longa não passa de um passatempo mais sacana do que as comédias açucaradas convencionais, servindo talvez como uma resposta às comédias ‘masculinas’- vide Se Beber, Não Case - que tem surgido nos últimos anos.

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