03/06/2013

(Re)Visitando Tarantino com Mauro Baptista


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Nesse meu período de revisita ao cinema tarantinesco - um dos meus favoritos, como vocês já devem ter percebido -, resolvi ler O cinema de Quentin Tarantino, escrito pelo Professor Pós-Doutor Mauro Baptista, que, a partir da sua tese de doutorado, concebeu o livro que conferi nestas últimas semanas. E a leitura não poderia ser mais agradável: Baptista passeia pelos filmes de Tarantino, trazendo os pontos que ele observou em sua filmografia usando a cronologia de produção dos longas. Os fãs das obras mais recentes de Tarantino podem se decepcionar um pouco pelo fato de Baptista abranger com mais densidade os filmes Cães de Aluguel, Pulp Fiction e Jackie Brown - isso acontece pelo fato do autor ter desenvolvido sua tese entre 95 e 99 -, mas ele ainda reserva espaço para comentar com bastante pertinência a filmografia posterior do cineasta.

Em complemento aos ensaios e críticas expostos no livro Quentin Tarantino, de Paul W. Woods - resenhado aqui -, que se restringe a reunir textos redigidos à época de lançamento dos longas, Baptista aprofunda seu estudo através do desenvolvimento teórico sobre os filmes, concebendo o que chamamos de estilo tarantinesco. O autor caracteriza este estilo através de alguns aspectos: o realização de filmes de gênero com o foco narrativo distinto do que se costuma realizar no cinema clássico hollywoodiano; os personagens que adotam posturas distanciadas sobre si mesmos; a interferência do acaso e do banal na narrativa; a convivência prosaica destes personagens com elementos da cultura pop e vários outros.

Apesar de ter um desenvolvimento teórico profundo sobre a obra do cineasta, Baptista não constrói suas reflexões de maneira inacessível ou excessivamente rebuscada, tornando-as compreensíveis ao leitor médio com uma linguagem simples. Depois de ler um livro como este, que procura desvendar as estratégias criativas de um cineasta tão icônico e mitificado como se tornou Tarantino, não deixa de ser intrigante nos perguntarmos qual seria a nossa própria verve criativa, de que forma a autoria nos conduz para a realização de nossas próprias obras artísticas. Pois, ao canonizar tanto as obras de cineastas como ele, Hitchcock, Kubrick e tantos outros que fazem parte da história do cinema, muitas vezes, sentimo-nos diminuídos ou incapazes de desenvolver nossa própria capacidade narrativa, mas, ao compreender as escolhas que Tarantino realizou para conceber suas obras e, principalmente, começamos a reconhecer os elementos que nos agradam em suas obras, podemos perceber um pouco do nosso espaço nesse universo audiovisual e o modo como gostaríamos de nos expressar.

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