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Nesse meu período de revisita ao cinema tarantinesco - um dos meus favoritos, como vocês já devem ter percebido -, resolvi ler O cinema de Quentin Tarantino, escrito
pelo Professor Pós-Doutor Mauro Baptista, que, a partir da sua tese de
doutorado, concebeu o livro que conferi nestas últimas semanas. E a leitura não
poderia ser mais agradável: Baptista passeia pelos filmes de Tarantino,
trazendo os pontos que ele observou em sua filmografia usando a cronologia de
produção dos longas. Os fãs das obras mais recentes de Tarantino podem se
decepcionar um pouco pelo fato de Baptista abranger com mais densidade os
filmes Cães de Aluguel, Pulp Fiction e Jackie Brown - isso acontece pelo fato do autor ter desenvolvido
sua tese entre 95 e 99 -, mas ele ainda reserva espaço para comentar com
bastante pertinência a filmografia posterior do cineasta.
Em complemento aos ensaios e críticas
expostos no livro Quentin Tarantino, de Paul W. Woods - resenhado
aqui -, que se restringe a reunir textos redigidos à época de lançamento dos
longas, Baptista aprofunda seu estudo através do desenvolvimento teórico sobre
os filmes, concebendo o que chamamos de estilo tarantinesco. O autor caracteriza este estilo através de alguns
aspectos: o realização de filmes de gênero com o foco narrativo distinto do que
se costuma realizar no cinema clássico hollywoodiano; os personagens que adotam
posturas distanciadas sobre si mesmos; a interferência do acaso e do banal na
narrativa; a convivência prosaica destes personagens com elementos da cultura pop e vários outros.
Apesar de ter um desenvolvimento teórico
profundo sobre a obra do cineasta, Baptista não constrói suas reflexões de
maneira inacessível ou excessivamente rebuscada, tornando-as compreensíveis ao
leitor médio com uma linguagem simples. Depois de ler um livro como este, que
procura desvendar as estratégias criativas de um cineasta tão icônico e
mitificado como se tornou Tarantino, não deixa de ser intrigante nos
perguntarmos qual seria a nossa própria verve criativa, de que forma a autoria
nos conduz para a realização de nossas próprias obras artísticas. Pois, ao
canonizar tanto as obras de cineastas como ele, Hitchcock, Kubrick e tantos
outros que fazem parte da história do cinema, muitas vezes, sentimo-nos
diminuídos ou incapazes de desenvolver nossa própria capacidade narrativa, mas,
ao compreender as escolhas que Tarantino realizou para conceber suas obras e,
principalmente, começamos a reconhecer os elementos que nos agradam em suas
obras, podemos perceber um pouco do nosso espaço nesse universo audiovisual e o
modo como gostaríamos de nos expressar.
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