14/12/2010

Alienação e Genocídio em A Epidemia


Como uma refilmagem de um clássico de George Romero – O Exército do Extermínio, 1973 -, A Epidemia (The Crazies, 2010) atualiza o visual de uma história que, mesmo superficial, termina rendendo uma experiência intensa na sala escura.

Durante a primavera de uma tranquila cidade do interior, os moradores misteriosamente tornam-se pessoas silenciosas e extremamente agressivas, algo provocado por substâncias químicas no abastecimento de água do local. O casal David (Timothy Olyphant) e Judy (Radha Mitchell) se vêem cercados por aqueles que um dia já foram seus vizinhos e amigos, mas agora vagam pela cidade com um único objetivo em mente: matar. Sem os tradicionais dez minutos destinados à apresentação da situação dramática de suas personagens, o longa traz o espectador direto para a ação, quando, num jogo de baseball, um dos moradores ameaça David com uma espingarda, sendo morto pelo mesmo em seguida. Com o passar do tempo, os ataques começam a se intensificar até se descontrolar completamente, onde nenhum dos integrantes da equipe de resgate tem a confiança do espectador.

Mergulhando abruptamente na história sem preparação, os espectadores são lançados em uma teia onde o desconhecido e o inesperado predominam, ainda que permeado por sustos óbvios, onde o realista e o sobrenatural estão sempre à espreita. Com um roteiro simples, sua composição trata o ataque súbito daqueles moradores como uma metáfora ao genocídio e à violência de uma maneira geral, concebendo-a como algo sem sentido que, por motivo algum, domina aquelas personagens.

Questionando os limites entre a violência protetora e a destrutiva, seu diretor constrói um longa superficial, mas intenso, que ainda reserva ao espectador um ar de ironia ao seu final, compondo um painel de alienação ao redor dos acontecimentos trágicos da cidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário