24/05/2009
Cão Sem Dono: Um Elogio à Simplicidade
Por
Márcio M Andrade
Existe muito sentimento nas entrelinhas do longa de Beto Brant e Renato Ciasca. Existe uma conquista do espectador, uma sensação de voyeurismo consentido, como se fôssemos convidados a estar ali e presenciar o cotidiano de alguém. No caso, Ciro, o nosso cão sem dono.
Protagonista sem pretensões maiores do que sobreviver e ter uma vida feliz ao lado de sua amada Marcela, nos identificamos facilmente com sua condição de homem sem direção, que pouco sabe o que fazer com seu diploma na mão, mas sem perpespectiva de emprego. As frustrações daquilo que se espera de um homem - a responsabilidade, a autonomia, a iniciativa - se encontram na vida de Ciro, que, mesmo se definindo como um realista, não toma ares para encontrar um rumo para sua vida, ao contrário de Marcela, que, mesmo sendo a "sonhadora", não desiste de batalhar por aquilo que deseja.
Difícil enxergar como um roteiro tão pessoal encontrou a luz do dia em maos tão habilidosas, já que, cercado de frases e situações prosaicas e que parecem não levar a lugar nenhum, exigem de seu público uma intensa sensibilidade para enxergar o que há por trás de sua simplicidade. Nessa confiança de que o público compreenderá a jornada de Ciro reside a grande intensidade de Cão Sem Dono: seu jogo com o espectador é constante, pois lhe entrega algo que é seu, situações que poderiam acontecer na vida de qualquer pessoa, bastando ter olhos abertos para percebê-lo.
As referências ao cinema europeu mais recente não transparecem de maneira pretensiosa e dão ao público um retrato sensível da juventude sem rumo, não por revolta ou desejo, mas por não se conseguir se enxergar diante da vida e da sociedade. Sujeitos levados pelos fluxos de papéis que precisamos assumir - marido, filho, estudante, professor etc - à procura de uma identidade.
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Un grán comentario y una foto que no tiene palabras ya que lo dice todo,.Con cariño Vicky
ResponderExcluirObg pelo comentário, Vicky. Deus te abençoe. Sua resposta é muito importante pra mim. Abraços.
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