01/09/2009

As vitórias da derrotada Pequena Miss Sunshine


Talvez um dos momentos mais tocantes do longa dirigido por Jonathan Dayton e Valerie Faris esteja numa fala simples trazida em meio a lágrimas singelas por Olive a seu avô, Edwin Hoover: "Papai odeia perdedores".

Talvez nessa (des) esperança resida muitos dos conflitos que a família sofre ao longo da jornada. Enquanto que a sociedade americana adulta tenha talvez se acostumado com esse termo ao ponto de tratá-lo com repudio - como o restante da família Hoover (Sheryl, Dwayne, Frank, Edwin) - Richard e Olive ainda precisam amadurecer para conhecer suficientemente quem são e não se levarem pelo rótulo de losers. Ainda assim, reside neles uma grande diferença: Olive batalha inconscientemente contra um rótulo que seu pai e as pessoas tentam lhe colocar, enquanto que Richard, seu pai, luta contra um rótulo que ele mesmo reproduz.

Dinate dessa sinopse, observamos mais uma empreitada contra a hipocrisia da sociedade estadunidense na busca por um american way of life - perpetuada nas telas por American Beauty, Fight Club, Revolutionary Road, Happiness e tantos outros -, mas sob a perpesctiva da criança ainda esperançosa por abalar rótulos de sucesso/fracasso em busca de um sonho. Mesmo fora dos padrões de beleza perpetuados pela mídia, Olive deseja ganhar o concurso de Miss Sunshine e sua família, mesmo contra a vontade, acompanha a garota e, por meio de diversas confusões e abalos emocionais, revivencia um sentimento familiar - ainda que à sua maneira.

Engraçado é observar momentos em que a família se trata como uma equipe: quando precisam sequestrar o corpo de avô ou convencer a garota a desistir do concurso ou ainda lidar com a quebra do voto de silêncio do revoltado Dwayne. Não são necessários momentos Kodak para os Hoover se sentirem como família novamente, mas as pequenas vitórias que conseguem para a convivência em grupo. Sua vitória não está no concurso de beleza juvenil, mas em reconhecer a beleza e a inocência daquela menina e a importância de que ela não se torne tão lesada emocionalmente como eles.

Os verdadeiros monstros perdedores não são as pessoas estranhas e desesperançadas naquela kombi amarela caindo aos pedaços, mas aquelas mães e filhas com penteados gigantescos e sorrisos artificiais que negam sua personalidade e sentimentos diante de um concurso que deprecia todos aqueles que não se encaixam nos padrões establecidos pelo status quo. Sua derrota pode não aparecer na frente de todos, mas em momentos especiais - seja dança desengonçada e constrangedora de Olive e sua família seja na destruição de uma cancela automática pela kombi que não pode frear nem deixar um dos seus para trás.

3 comentários:

  1. É por isso que eu amo a pequena miss sunshine!

    amo amo


    bjus

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  2. O texto me faz ver ou relembrar o filme com outro ponto de vista, na época achei o filmes super estimado.

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  3. Ele, apesar de simples, toca profundamente no meu coração, por trazer personagens cativantes e um final pra lá de corajoso.

    Abraços

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