16/10/2011

Quando as metralhadoras cospem - Adultos Pueris ou Crianças ‘Adultizadas’?



“Joãozinho, vê se cresce.” “Você parece um velho, reclamando de tudo.”. Às vezes, ouvimos comentários desse tipo quando tomamos atitudes que parecem inadequadas à nossa idade. Ou seja, sempre estamos ou outras pessoas estão insatisfeitas com a idade que temos, desejando a sabedoria e a temperança dos experientes, mas também a jovialidade e frescor da juventude.

No musical Quando as metralhadoras cospem (Bugsy Malone, 1976, Alan Parker), encontramos crianças usando vestimentas, palavras e atitudes tipicamente adultas ao dar vida à seguinte história: na Nova York dos anos 20, o honesto Bugsy Malone e a adorável Tallulah protagonizam uma guerra entre duas gangues pela posse de uma arma chamada splurge - um tipo de metralhadora que arremessa chantilly. Satirizando os filmes de gângster, este divertido longa ganha leveza no jazz e blues das danças, além de um certo ar nonsense com a presença das crianças que interpretam mafiosos, dançarinas e aspirantes a artistas de uma época marcante e difícil na história estadunidense.

Alan Parker conduz com mão leve todas as sequências, deixando as crianças tomarem conta do show e exibirem seus talentos para dançar, cantar e interpretar como se estivessem em um grande musical de colégio. Apesar de se alongar em algumas sequências que terminam interrompendo a narrativa em favor dessa exibição de talentos, são poucos os pontos que enfraquecem a excelência do longa em conquistar o público. Contando com uma Jodie Foster em início de carreira que conduz com maturidade e certa dose de ousadia sua Tallulah, Parker nos oferece a oportunidade de conhecer jovens talentos de uma geração que hoje se leva mais a sério.

Com esse longa, Parker nos leva a refletir sobre quão imaturas e infantis podem ser nossas atitudes diante de uma sociedade que sempre parece nos exigir que cresçamos. Por mais que cresçamos em idade ou tamanho, sempre carregaremos dentro de nós mesmos este espírito infantil que, com a mesma disposição que erra, deveria estar mais disposta a perdoar e superar as falhas dos outros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário