04/07/2009

O "Eu estou aqui" universal de A Cor Púrpura


É difícil se manter estagnado diante das intempéries que Miss Celie sofre ao longo do longa de Spielberg: A Cor Púrpura é um drama universal. Sentimos na pele esse sentimento de rejeição do mundo, o precisar enfrentar os bombardeios de pessoas que não nos amam. Os negros e as mulheres padeceram da falta de respeito por muito tempo na História.

Aprenderam, sim, a gritar por seus direitos e dizer: "Eu estou aqui". E, sim parece muito difícil gritar por si mesmo, quando todos o outro parece ser tão forte e tão convicto, mas o primeiro passo deve surgir. Ninguém pode lhe negar esse direito. Por mais que queiram lhe negar o direito de dizer e/ou fazer algo por você mesmo, nada lhe pode impedir essa auto-afirmação. Muitas vezes o que parece ser a maior força, esconde a maior fraqueza. Albert oprime Celie por querer se enganar, pra que ela não se sinta importante e o abandone. Quando ela finalmente se liberta de si mesma e dele, vemos sua beleza finalmente explodir, enquanto que ele permanece na sua insignificância. Sem os invencionismos estéticos típicos dos filmes atuais, Spielberg se mostra um excelente narrador, ainda que investa em um grane maniqueísmo. Mesmo com 2h30, o longa passa rapidamente diante dos olhos do espectador, tamanho o envolvimento que o diretor permite com sua protagonista. Whoopi Goldberg, Oprah Winfrey, Margaret Avery e Akosua Busia se revelam como verdadeiras donas de suas personagens, enfretando com um misto de fúria e sensibilidade as intempéries de suas jornadas.

Traçando um paraleto com a obra teatral Cuida Bem de Mim e os longas O Piano, Meu pé esquerdo, Quanto vale ou é por quilo?, Madame Satã, O Senhor dos Anéis, Matrix e tantos outros, todos os seus heróis gritam desesperadamente, "Eu estou aqui!". Assim como Spielberg procurou ser visto: distante dos blockbusters, um diretor de respeito. E conseguiu.


Já havia visto o longa há alguns anos, mas, revendo-o, pude ter uma nova experiência como espectador: mais maduro e mais dono de meus caminhos, algo que, com certeza, foi contribuição de Miss Celie.

Nenhum comentário:

Postar um comentário