21/04/2011

Pânico 4 e o cinema como um evento


Desde que apresentou o aparente final da trilogia Pânico com o terceiro filme da série, Wes Craven parecia colocar a primeira pá de cal sobre o estilo “filme de terror metalingüístico” que sacramentou durante os anos 90. Se, em 2000, Pânico 3 parecia francamente desgastado diante da revolução do terror com O Sexto Sentido e A Bruxa de Blair em 1999, o quarto filme da cinessérie - Pânico 4 (Scream 4, 2011, Wes Craven) - funciona como um suspiro de alívio em meio à “responsabilidade” que o fazer cinema “original” terminou se tornando.

Retornando à cidade natal anos depois dos massacres registrados no último longa, Sidney Prescott está lançando um livro que não somente conta a história pela qual passou, mas que também tem servido de inspiração para outras pessoas superarem dramas semelhantes (?), se é que existe essa possibilidade. Enquanto isso, Dewey ainda permanece como o xerife da cidade onde não acontece nada de extravagante para sua esposa, Gale Weathers, vasculhar com seu instinto jornalístico – todos os três meio perdidos na profusão de astros em participações especiais, como Kristen Bell, Hayden Panettiere, Rory Culkin, Anna Paquin e Marley Shelton. Mas todos os furos no enredo e as fracas interpretações pouco importam quando, na realidade, reside na experiência cinematográfica de retornar à época em que se via a renovação deste gênero pelas mãos de Kevin Williamson – roteirista deste e de outros filmes que iam na mesma esteira, como Eu sei o que vocês fizeram no verão passado e Prova Final, assim como do seriado adolescente Dawson’s Creek - a sua maior qualidade.

Se, desde seu prólogo, o filme aposta na esperteza ao se deixar levar pela metalinguagem deslavada, referenciando não somente os filmes de terror, mas também as mudanças que a trilogia original proporcionou, o realiza na intenção de restabelecer as regras de um jogo conhecido pelos seus jogadores, mas, desta vez, investindo mais ainda na diversão do processo do que o resultado. Mesmo que os clichês de uma época se avolumem a cada fotograma e possamos, ao longo da narrativa, perceber o quanto amadurecemos e nos sofisticamos nessa última década, certamente a sensação mais agradável durante uma sessão do longa reside em perceber que seus realizadores não são somente fãs dos filmes de terror adolescentes, mas fãs da própria trilogia Pânico.

Certamente, eles pensaram na experiência de estar em um multiplex cheio de ex-adolescentes nos seus vinte e poucos anos, gritando, rindo e se emocionando com suas lembranças, uma geração que, enquanto rememora o quanto se divertia anos atrás, também percebe como tem se levado a sério demais em alguns momentos.


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