05/04/2011

Meu Primo Vinny - Entre o confiar e o subestimar


Na convivência em sociedade, o ser humano atravessa situações que o levam a enfrentar e confiar num desconhecido que lhe ensina muitas vezes a deixar de controlar o seu próprio destino e se entregar com maior facilidade.

No longa Meu Primo Vinny (My Cousin Vinny, 1992, Jonathan Lynn), o espectador perpassa por estes tipos de sensações ao longo do filme: de início, subestima-o, mas, ao longo da projeção, permite-se conquistar pela sua simplicidade, ignorando a pieguice e envelhecimento de alguns aspectos que não diminuem o charme da sessão. Iniciando a história com a viagem e a prisão de Bill e Stan, dois jovens recém saídos da faculdade, por engano dentro do estado do Alabama, a narrativa logo oferece espaço para o desfile de Vinny, um advogado recém-formado, e Lisa, sua noiva especialista em carros, dois nova-iorquinos completamente diferentes dos padrões conservadores de um estado que cria suas próprias leis.

Utilizando de uma linguagem simples e convencional, Lynn prefere favorecer a dinâmica entre seus personagens a fim de obter os efeitos cômicos das performances inspiradas de Joe Pesci e Marisa Tomei. Enquanto Pesci praticamente repete a persona irritada e convencida que o público se acostumou a ver em seus filmes; Tomei praticamente toma para si o filme na parte final, quando, depois de nos cativar com uma mulher extravagante e companheira, consegue nos arrebatar ao trazer verossimilhança para monólogos complexos em quantidade e qualidade de informações. Mesmo contando com algumas cenas formulaicas e outras desnecessárias para o desenvolvimento da narrativa, são momentos como um abraço de agradecimento de Bill em Vinny após o julgamento e o retorno do advogado e sua noiva para casa que fazem deste longa um bom passatempo e uma sessão saudosista para aqueles que aprenderam a amar – e não subestimar – esses filmes descerebrados.

Se fosse feito hoje, talvez as peripécias do trapaceiro Vinny fossem solenemente ignoradas pelo público afeito a um humor diferenciado, mas o filme de Lynn reserva ainda um certo carisma atemporal por se apoiar em uma fórmula simples e funcional, mas, antes de tudo, tão despretensiosa como as melhores comédias do final dos anos 80 e início dos 90.

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