19/11/2009

O "e se..." de Bastardos Inglórios e a autoria da História


Em tempos em que a relevância do cinema se "testa" por sua verossimilhança e "aplicalibilidade" na formação de um discurso ou na forte inserção na realidade, Tarantino nos entrega uma obra ousada e cria um universo paralelo no seu Bastardos Inglórios.

Brad Pitt une-se a outros soldados judeus, formando a equipe dos Bastardos, cuja missão residia no extermínio do maior número possível de nazistas que poderiam encontrar, almejando, acima de tudo, a morte do Führer. A Operação Kino envolve a destruição dos mais famigerados nazistas em uma cinema onde será exibido um filme que exalta a figura de um herói de guerra alemão - Fredrik Zoller -, chamado "O Orgulho da Nação". Contudo, os planos mudam quando o rapaz decide levar a premiére do filme para um cinema menor, pois se encontra afeiçoado a Shosana, proprietária do local, desconhecendo sua origem judia.


Mesmo que não encontre a mesma conexão emocional que outrora o ligaria a personagens como Mia Wallace, Vicent Vega, Jules e Butch, o espectador acompanha o longa, percebendo o detalhismo de Tarantino na construção de diálogos e sequências marcantes. Contudo, somente ao final da narrativa, o público se apercebe de sua inserção em um universo paralelo quando um destino alternativo pinça a vida de Herr Hitler, fazendo com que o espectador vibre por compreender a quebra da lógica da representação. Tarantino não se preocupa com a adequação do seu filme nos livros de História ou em questionar possíveis lacunas nos autos onde se registram os fatos, mas em refazer a História à sua própria maneira. Assume o SEU próprio ponto de vista: não de como as coisas aconteceram ou acontecem, mas como PODERIAM ter acontecido se ele fosse O Criador. Numa época em que a autoria reside em expressar um modo de ver fatos e pessoas, o diretor reescreve-os a sel bel-prazer, convidando o espectador a fazê-lo. Mas também ao seu PRÓPRIO modo.

2 comentários:

  1. Na minha opinião esse é o filme mais maduro e divertido de Tarantino.

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  2. Concordo com você, Billy. Mas gosto ainda mais do primeiro que vi dele: Pulp Fiction. Abraços

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