15/10/2009

Por um Sentido na Vida: Da Incapacidade de Recomeçar



Durante todo o longa de Miguel Arteta e em certo momento em particular, Justine Last vive um momento de profundo egoísmo e infelicidade: diante de uma encruzilhada entre a vida monótona e infeliz com que se acostumou e o preenchimento infinito de possibilidades que uma nova vida lhe traria, opta por trair a si mesma e permite deliberadamente que o imaturo Holden, seu amigo e amante, padeça diante dos próprios infortúnios.

Com um roteiro que harmoniza diversos sentimentos com sabedoria e conquista o espectador com o seu crescente emocional, Por um Sentido na vida nos entrega uma Jennifer Aniston que beira a perfeição ao exibir a dúvida, o patético, a paixão de sua heróina. De esposa irritada e infeliz no trabalho, Justine nos encaminha para sua jornada de adultério, mentira e chantagem, que, ao final, se mostram como mais uma história de aventura em meio ao moto perpétuo da loja de conveniências onde trabalha no setor de cosméticos.

Mesmo desejando que nossa heróina devastasse tudo o que tinha construído junto com o marido maconheiro e preguiçoso Phil em busca de um oceano de emoções que viria com sua jornada ao lado de Holden, constatamos sem réplicas que, provavelmente, tomaríamos a mesma decisão: recomeçar requer esse desprendimento de nós mesmos, necessita negar tudo o que acreditamos, ignorar tudo o que amamos e desejamos algum dia a fim de partir para esse novo mundo. Mas, como negar tudo o que fomos um dia? Como reconhecer que suas próprias escolhas nos encaminharam por um rumo de infelicidade e incompreensão?

Justine não consegue. Quem é essa heroína? Aquela que nos inspira ou que nos retrata?

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