“Joãozinho, vê se cresce.” “Você
parece um velho, reclamando de tudo.”. Às vezes, ouvimos comentários desse tipo
quando tomamos atitudes que parecem inadequadas à nossa idade. Ou seja, sempre
estamos ou outras pessoas estão insatisfeitas com a idade que temos, desejando
a sabedoria e a temperança dos experientes, mas também a jovialidade e frescor
da juventude.
No musical Quando as metralhadoras cospem (Bugsy Malone, 1976, Alan Parker),
encontramos crianças usando vestimentas, palavras e atitudes tipicamente
adultas ao dar vida à seguinte história: na Nova York dos anos 20, o honesto Bugsy
Malone e a adorável Tallulah protagonizam uma guerra entre duas gangues pela
posse de uma arma chamada splurge - um
tipo de metralhadora que arremessa chantilly.
Satirizando os filmes de gângster, este divertido longa ganha leveza no jazz e blues das danças, além de um certo ar nonsense com a presença das crianças que interpretam mafiosos,
dançarinas e aspirantes a artistas de uma época marcante e difícil na história
estadunidense.
Alan Parker conduz com mão leve todas
as sequências, deixando as crianças tomarem conta do show e exibirem seus
talentos para dançar, cantar e interpretar como se estivessem em um grande musical
de colégio. Apesar de se alongar em algumas sequências que terminam
interrompendo a narrativa em favor dessa exibição de talentos, são poucos os
pontos que enfraquecem a excelência do longa em conquistar o público. Contando
com uma Jodie Foster em início de carreira que conduz com maturidade e certa
dose de ousadia sua Tallulah, Parker nos oferece a oportunidade de conhecer jovens
talentos de uma geração que hoje se leva mais a sério.
Com esse longa, Parker nos leva a
refletir sobre quão imaturas e infantis podem ser nossas atitudes diante de uma
sociedade que sempre parece nos exigir que cresçamos. Por mais que cresçamos em
idade ou tamanho, sempre carregaremos dentro de nós mesmos este espírito
infantil que, com a mesma disposição que erra, deveria estar mais disposta a
perdoar e superar as falhas dos outros.
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