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Educação passou por diversos estágios e estudos ao longo de seu desenvolvimento
teórico e prático, desde as experiências do condicionamento “estímulo-resposta”
de Skinner, passando pelo socioconstrutivismo de Piaget ou Vygotsky, chegando à
educação através das novas tecnologias de informação e comunicação.
Dentro desta última vertente, podemos
encontra um ramo recente de estudos que mescla comunicação e educação, mas
também os vieses tradicionalistas e progressistas de “ensinar e aprender”,
chamado Pedagogia Cultural. Este campo de estudos pesquisa a respeito das
possibilidades educativas das mídias de massa – leia-se televisão, rádio,
propaganda, cinema etc. -, concebendo-as como veiculadoras de ideologias
capazes de influenciar fortemente comportamentos, sentimentos e opiniões de
seus usuários. Mas que relações podemos estabelecer entre este campo de estudos
e o filme a ser resenhado? É simples.
Confiar
(Trust, 2011, David Schwimmer) versa sobre Annie, uma adolescente de 14 anos e
de familiar nuclear tradicional, que mantém contato na internet com um jovem de
16 anos, Charlie, conversando sobre as alegrias e frustrações que enfrenta em
sua jornada familiar e escolar diariamente. Com o tempo, o rapaz começa a
revelar que mentiu sobre sua idade – possui mais de 30, na realidade –,
mostrando-se um predador sexual online
depois que ambos marcam um encontro ao vivo. A partir deste fato,
descortinam-se as misérias de um pai em busca de vingança e uma mãe que se
culpa diante do esfacelamento de sua perfeita família.
Revelar estes detalhes do enredo não
se mostra um spoiler muito
disparatado, já que a construção previsível e a direção quase didática de
Schwimmer não permitem vôos mais distantes do que a mensagem que desde o início
se explicita no longa. De forma semelhante a A Vida de David Gale (2003), em que Alan Parker se valia do enredo
para defender um posicionamento anti-pena de morte, Schwimmer parece se utilizar
de um roteiro, escrito por Andy Bellin e Robert Festinger, que parece parte de
uma campanha contra pedofilia na internet, algo como as novelas da Globo têm
feito com maior freqüências nos últimos anos. O trio de protagonistas – Clive Owen,
Catherine Keener e Liana Liberato – possui talento para tentar driblar estas
armadilhas, mas parece tudo tão esquemático que se torna um trabalho hercúleo
tentar oferecer um retrato menos óbvio destas personagens deste filme-denúncia.
Com um simplismo didático que beira
o maniqueísmo deslavado, este filme não consegue dar conta de todas as
contradições que o seu tema pode proporcionar, funcionando, de fato, como um
recurso para “ensinar” comportamentos para seus espectadores, principalmente,
as adolescentes expostas diariamente aos “males” das redes sociais. Não procuro aqui desmerecer a educação ou seus pressupostos, mas discordo explicitamente do fato de se empregar suas estratégias de maneira fragilizada, procurando "isentar" os espectadores da possibilidade de pensar por si mesmos sobre a temática desenvolvida no longa ao oferecer um discurso "pensado e mastigado" para que eles possam simplesmente digerir e reproduzir ad infinitum.
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