22/01/2009
13/01/2009
Cosmic Dancer e o dom que nos move
Qual é a falta que nos move? Diante do que nos provoca Deserto Feliz e a distinta jornada de Jéssica ao (des)encontro de si mesma, que esperança poderia nos restar? A resposta que encontrei para mim mesmo... O dom, uma missão, um propósito que nos foi entregue nesse mundo, uma vontade que nos leva para onde quer que desejemos.
Cosmic Dancer – música da banda inglesa T Rex, que se encontra na abertura do singelo e magnífico Billy Elliot – traduz um pouco deste sentimento. Ainda que, em sua letra, o dom que move esse protagonista resida na dança, cada um de nós encontrará o SEU levar. O que nos carrega para outras dimensões dentro de nós mesmos? O que nos faz esquecer do mundo ao redor e nos eleva a outros mundos possíveis e impossíveis?
Não importa se você é um Cosmic Actor, Dancer, Singer, Writer, Prayer, Director, Composer, Cientist, Employer, Farmer... O que importa é vivenciar e compartilhar ao máximo esse dom...
Cosmic Dancer – T Rex
I was dancing when I was twelve
I was dancing when I was aaah
I danced myself right out the womb
Is it strange to dance so soon
I danced myself right out the womb
I was dancing when I was eight
Is it strange to dance so late
I danced myself into the tomb
Is it strange to dance so soon
I danced myself into the tomb
Is it wrong to understand
The fear that dwells inside a man
What's it like to be a loon
I liken it to a balloon
I danced myself out of the womb
Is it strange to dance so soon
I danced myself into the tomb
But when again once more
I danced myself out of the womb
Is it strange to dance so soon
I danced myself out of the womb
06/01/2009
Deserto Feliz?
Paulo Caldas – co-diretor de Baile Perfumado e O Rap do Pequeno Príncipe Contra as Almas Sebosas – se utiliza de uma estética que oscila entre o ficcional e o documental, corroborando uma tendência presente tanto em produções nacionais – vide Baixio das Bestas, Cinema, Aspirinas e Urubus e O Céu de Suely – quanto estrangeiras – 4 meses, 3 semanas e 2 dias, O Guardião e o recente O Silêncio de Lorna. Nestas, predominam a câmera na mão, os longos planos – por vezes, silenciosos -, ausência quase total de trilha sonora – exceto quando diegética, ou seja, como elemento presente na mise em scène – e de iluminação artificial. Esta estética naturalista nasce no neo-realismo italiano, recebe influências do cinema verité francês e evolui pelo Manifesto Dogma 95 até encontrar lugar em produções que almejam um público maior.
O desenvolver lento da narrativa – dividido em três atos (vida no interior, na cidade e no exterior) – causa um encanto incômodo, quando se tem consciência das e identificação com as frustrações da personagem. Se a história poderia facilmente resvalar para um final feliz, Caldas reserva ao espectador uma nova discussão, trazendo a idéia de uma insatisfação que persegue o ser humano onde quer que ele esteja. Ainda que todos os sonhos que ele tiver se tornem realidade, a falta de perspectiva ainda se faz presente, ou seja, sua insatisfação o move - mas não se sabe para qual direção. Ainda que viva em uma condição melhor, Jéssica permanece insatisfeita - parece não saber o que a move - e decide resignar-se à sua infelicidade. Caldas não responde a essa pergunta ou provocação, mas exige de seu espectador cumplicidade para tentar respondê-la. Ao menos, para si mesmo.
Longe de ser panfletário, Caldas constrói um longa bem arquitetado e interessante – ainda que possua algumas cenas que destoam da linguagem proposta e soam forçadas, estas não são o suficiente para desfazer o inquieto prazer de acompanhar a trajetória de Jéssica pelo submundo pernambucano.